sábado, 1 de fevereiro de 2014

Não é engraçado perceber como suas escolhas mudam tão tempestivamente com o passar dos anos? Na infância, devo admitir que não era daquelas crianças que diziam ter um sonho e que paravam pra pensar nesse tipo de coisa de "gente grande";  acho que, quando criança, a vida me deu o dom (ignore a pedância) de não ter certeza de nada - e não perceber nada -, investia meu tempo na curiosidade de entender como todas as coisas funcionavam; missão sem sucesso, é claro. Teria como entender a vida real misturada com fantasia dos livros/desenhos e coisas de criança? É, na verdade seria bem mais engraçado se não fosse trágico perceber agora que suas escolhas mudaram, você cresceu e sua vida anda uma bagunça.
Talvez pela ingestão diária de cultura pop, fantástica e mitológica dos livros lidos no dia-a-dia, minha vida foi baseada num eterno "flutuar" pelas coisas e não tive tempo de fazer planos. E no meio do turbilhão que essa mente insana era (ou ainda é?), tive que começar a fazer minhas escolhas de gente grande, sem ter a consciência de que essas escolhas significavam muito mais que a escolha do próximo livro a ser lido. 
"Escolha o seu curso: GEOLOGIA".
Bom, começar a faculdade foi um dos momentos mais sublimes que puderam ter acontecido na minha vida, nada se comparava a isso; era um mundo completamente novo, pessoas "bizarramente" novas, professores loucos e ciência. A expectativa por conhecer a fundo tudo o que acontecia no planeta me fazia encarar o prato de entrada pouco apetitoso (vulgo cálculos e cia) com paciência para degustar o prato principal, a Geologia.
Que bonito seria se essa fosse um história feliz de paixão pela profissão; adianto-lhe que ela não é, dependendo do ponto de vista. Acontece que esse mundo psicodélico da Universidade me fez enxergar horizontes que, sozinho, eu ainda não tinha percebido. Sabe aquela tempestade que eu falei no começo? Então… lá estava eu de novo nela. O que eu quero fazer da minha vida? Universos paralelos de antimatéria, arquitetura, física de partículas, insanidade humana; só mais coisas interessantíssimas que passaram pela tempestade e, que alívio, nao mergulhei nelas dessa vez.
A verdade é que, debaixo de todos esses parágrafos, e máscaras que criei, meu real desejo sempre foi simples, tão simples que nem percebi que era o que eu queria fazer a minha vida inteira. Via quando criança minha mãe cozinhando e pedia para ajuda-la; sempre achei lindas aquelas ações: cortar, temperar, cozinhar, comer. Me arriscava insanamente a fazer minha própria comida, quando não tinha ninguém em casa, não que obtivesse bons resultados, mas minha paixão por aquilo era carinhosamente guardada em mim sem saber.
Agora, "grande", e tendo feito algumas escolhas erradas, percebi a profundidade do meu sonho. Alguns podem dizer: "Gastronomia? Nossa, tu vais ser pobre, sabia?"; sem parar pra pensar que se alimentam todo dia por que existem pessoas dispostas a cozinhar para elas.

Minha relação com comida é o que me aproxima do sobrenatural, de um Deus, se ele existisse (nao esse Deus de igreja, opressor), talvez Deus seja isso, o incrível e inexplicável para cada pessoa individualmente. Sinto a comida como uma representação de arte, de cultura, de amor, de compaixão… Um país inteiro pode começar e ser compreendido numa mesa, com um bom prato de comida. Momentos podem ser revividos com aquela comida que só a sua mãe sabe fazer. Qual a diferença entre um mesmo prato de comida para você e para uma pessoa que não tem o que comer?… E é por isso que eu sou apaixonado por Gastronomia, afinal, o ato de comer é divino.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O suficiente.

    Em busca de "amor"; em busca de poder; em busca de beleza - conto de fadas? definitivamente não. Vivendo em busca do "tudo" esperado para a convivência (conveniência?) alheia, vejo-me cada vez mais perdido no meu próprio querer.
     Sabe aqueles dias em que você acha que deveria ter nascido há alguns séculos atrás? Aqueles dias em que seu amor pode perfeitamente estrapolar o suficiente da dose de romantismo (dispensando, por gentileza, olhares tortos e sorrisos-de-canto-de-boca); em que o dinheiro em seu bolso não importa tanto assim?
     Na busca da suficiência para o mundo, fui cada dia mais me privando de tentar quebrar certas barreiras, apenas desviando meu caminho, meu querer, meus sonhos; barreiras que permaneceram de pé, assim como meu medo de que o mundo inteiro desmoronasse sobre a minha cabeça.
    Eu queria, na verdade, ter desejado, desde o começo, ser o suficiente para mim mesmo; suficientemente belo, suficientemente bom. Seria isso o que chamam de felicidade? Amor próprio? Caso seja, não vejo a hora que ambos transbordem-me e, talvez, eu venha a ter o suficiente de mim. Me abraçar, sozinho, e sentir que o completo pode ser completo mesmo assim.
    

segunda-feira, 11 de junho de 2012

por ser tão simples, tão simples, tão simples, meu exagero transbordou tudo e, quer saber? nem valia tanto apena assim.
Por que nós sempre esperamos que o mundo inteiro desmorone pra poder sair do caos e respirar em paz?

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O dia em que morri

      Era uma cerimônia bonita... Sim, bonita apesar das lágrimas.
      Foi escolhido o melhor lugar (como nunca havia sido feito), as melhores flores, os melhores trajes (desta vez, selecionados com carinho), a melhor celebração e, por fim, as piores e mais dissimuladas faces de tristeza que puderam comparecer.
     Nunca fora belo, mas agora era olhado com afeto; foi negligenciado, e só agora os abraços calorosos, pelos quais um dia suplicou, foram concedidos; nunca fora admirado (ou nunca tomou conhecimento de tal ocorrido), mas agora se via o quão valioso foi; nunca fora amado (apesar de doar seu próprio amor ávida, intensa e verdadeiramente), mas agora clamava-se para que voltasse a respirar... Foi-se, morreu.
    Chorava-se como se pudesse haver punição, caso não o fizesse. Lamentava-se o tempo perdido que puderam ter ao menos ligado. Auto julgavam-se, pela tamanha inconseqüência e crueldade com que o trataram, considerando válido, somente agora, seus apelos por igualdade e respeito.
      O menino viveu... Riu até não agüentar, correndo o risco de parecer idiota; chorou – sozinho – até a última lágrima, sendo considerado fraco por si mesmo; amou imensamente alguém e se machucou; lutou contra todos, mas, que pena, no fim desistiu de tentar mudar o mundo e simplesmente morreu.
     Não procure saber de sua vida, pois esta morreu junto a ele; ninguém nunca andará pelos campos secos que foram o cenário imaginário de sua estada na vida e jamais alguém entenderá o MEU desejo de “viver” um último dia. O dia em que morri.

Passos de Água

    Sabe aqueles passos de água do último verão? Acredito que não saiba, pois eles sempre ficavam para trás de você, mas eu... Eu sim, os conheço bem.
    Seguia-os como se fossem o único caminho, a única maneira; e tão bela era a forma que seus pés formavam no chão, como podia não me apaixonar?
    De cabeça baixa, permaneci durante todo este tempo; meu mundo era o rastro que você deixava e mesmo assim, mal pude perceber – ou não quis perceber – seus tombos, seus desvios. P-E-R-D-I-D-O. Perdido em um mundo que não vi passar.
    Esqueci que todas as pegadas de água evaporam e não foi diferente com as suas; nada é permanente como se espera, por isso estou voltando para o meu caminho inicial, o certo, e, meu querido amor, quando resolver olhar para trás, verá agora as minhas pegadas, mas não perca seu tempo seguindo-as, pois um dia elas sumirão também e eu estarei longe; para sempre.

Sem Título, Sem Rótulo

…e ninguém conseguiu compreender; sarcástico e direto, frio e carinhoso, louco e quase normal, destemido e cheio de medos... Talvez estas máscaras impeçam até a mim mesmo de ver minha face verdadeira através do espelho.
    Adoro este meu jeito cruel de ser, sem piedade, mesquinho e debochado. Morte ao sentimentalismo! NÃO amo, NÃO choro, vivo? Vivo para mim e só... Prefiro solidão a seu olhar ridículo de pena.
    Por favor, assuma este caráter sórdido que eu sei que você tem; maltrate-me e ria da minha cara de palhaço ao dizer que ainda te amo; só não me peça para ser eu mesmo agora. Mostre-se tão cruel quanto “eu” e dispa, de vez, a sua máscara.
    E de pensar que eu prometi te esperar o tempo que fosse preciso, me acho um pouco mais patético. Amarei a mim ou a mim mesmo, definitivamente! Então suma, pois agora estou bem; muito bem, obrigado.